Monday, March 28, 2011

Lyrics to "Intangível"

.intangível



são fumos nús

são neblinas de fuligem incandescente

acende-se a mortalha, molhada com o sangue da manhã

tecida com laivos de atrocidade



que ascenda o temor, alimento funesto

são vapores fétidos

são fugalhas como pirilampos aos milhares à deriva

como pedaços de morte levados por ventos senís

e são tempestades, são horrores de fogo e enxofre

são o ventre que cospe a maldade

enquanto que os olhos da alvorada derramam morte



e são danças tenebrosas, movimentos de flagelo e perdição

tomam a inocência e devoram a virtude

impiedosa luz que canta o crepúsculo dos tempos



uma crisálida púrpura

na crescente vegetação negra

ramagem de carvão, inúmeros braços torcidos em direcção aos céus

que sangram uma seiva preta e viscosa

ventre de todo o mal



ninho lamacento e pantanoso

que eclode pétalas de destruição

e chove sangue

como torrentes de lâminas

que soltam no ar a cinza incandescente da superfície sulfurosa



e são vagas de morte em rajadas fulminantes

sopram os sais da némese

e degolam a manhã com as próprias mãos

e são falanges de espectros em marcha

que soletram o caos em cânticos marciais



são as lanças e os gumes oxidados que rasgam a carne da vida



fumos despidos de essência

luminosa neblina de fuligem

e sangra a manhã das fundas e infectas feridas

que a atrocidade tece dedicada



ascende o temor

fúnebre e sinistro, fétido

como os vapores da morte

que do mosto tépido soltam fugalhas mil aos ventos

como que a abraçar a morte,

intangível

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