.intangível
são fumos nús
são neblinas de fuligem incandescente
acende-se a mortalha, molhada com o sangue da manhã
tecida com laivos de atrocidade
que ascenda o temor, alimento funesto
são vapores fétidos
são fugalhas como pirilampos aos milhares à deriva
como pedaços de morte levados por ventos senís
e são tempestades, são horrores de fogo e enxofre
são o ventre que cospe a maldade
enquanto que os olhos da alvorada derramam morte
e são danças tenebrosas, movimentos de flagelo e perdição
tomam a inocência e devoram a virtude
impiedosa luz que canta o crepúsculo dos tempos
uma crisálida púrpura
na crescente vegetação negra
ramagem de carvão, inúmeros braços torcidos em direcção aos céus
que sangram uma seiva preta e viscosa
ventre de todo o mal
ninho lamacento e pantanoso
que eclode pétalas de destruição
e chove sangue
como torrentes de lâminas
que soltam no ar a cinza incandescente da superfície sulfurosa
e são vagas de morte em rajadas fulminantes
sopram os sais da némese
e degolam a manhã com as próprias mãos
e são falanges de espectros em marcha
que soletram o caos em cânticos marciais
são as lanças e os gumes oxidados que rasgam a carne da vida
fumos despidos de essência
luminosa neblina de fuligem
e sangra a manhã das fundas e infectas feridas
que a atrocidade tece dedicada
ascende o temor
fúnebre e sinistro, fétido
como os vapores da morte
que do mosto tépido soltam fugalhas mil aos ventos
como que a abraçar a morte,
intangível
Monday, March 28, 2011
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